A primeira vez que percebi que isto podia correr mal foi quando comecei a suar em bica no comício em Coimbra. Tinha saídodo Falcon do Zapatero e estava enfiado numa sala miserável, meia vazia, com a temperatura de Tombuktu e o Vital a discursar.
À hora dos telejornais enfrentei as câmaras. O calor era insuportável. Havia ali equipamento de som e de luz capaz de asseguarar uma tournée da Beyoncé. Ensaiei a piada sobre a falta de jeito da Ferreira Leite, mas vi logo, pelas palmas forçadas, que ninguémachou graça. Já não sei quem é que me disse que era bom atacá-la, por isso deve ter sido o Santos Silva.
Segui com o ataque àquela ideia absurda de que o país estava falido, despachei o discurso e saí dali com o José Luís, que ainda deve estar a pensar o que veio fazer a Portugal...
No dia seguinte, percebi que aquela coisa do Paulo Rangel andar a dizer que desperdiçámos fundos europeus passava o dia a ser repetida nas televisões. Já o Paulo Portas andava com essa, a atacar o Jaime Silva há mais de um ano. E os jornalistas achavam que deitávamos dinheiro à rua.
A verdade, diziam-me os meus assessores, é que não podia pôr o Jaime Silva a defender-se porque já não acreditavam nele. E parece que o Nunes Correia não se podia explicar porque ninguém sabia que ele era ministro! Quanto mais que era o ministro que geria os fundos...
Na campanha ainda me ri com aquela piada do Pinho sobre a papa Maizena. Mas saiu tudo em defesa do Rangel, o que foi injusto. Se calhar devia mesmo ter remodelado o Pinho no início do ano, mas as pessoas não se lembram que ele me ajudava desde os tempos da oposição.
Na campanha queriam o quê? Que mudasse o rumo e largasse o Aeroporto e o TGV? Nem pensar. Só se tivesse remodelado o Mário Lino. Perdoei-lhe a Ota porque um homem não deixa cair os amigos. Sobretudo os de longa data. O que ele me ajudou nos tempos do Ambiente...
Culparam o Vital, coitado. Atacar o Durão Barroso deve ter sido coisa da Ana Gomes, e a do BPN, qual foi o mal de trazer o caso BPN para a campanha?
Correu mal, o que foi duro para o PS e muito duro para mim. Não merecia. Comecei a campanha a suar em bica e acabei a ouvir o ministro da Cultura a dizer que o resultado era normal! O tipo andou calado um ano e abriu a boca para isto!
Tinham-me dito que ia ganhar com uma campanha à Obama. Mas ganhou o candidato que só fez reuniões tupperware. Aprendi uma lição para a vida: não serve de nada ter assessores que estudaram o Obama se nenhum souber ligar o ar condicionado.
by Ricardo Costa, in Expresso
À hora dos telejornais enfrentei as câmaras. O calor era insuportável. Havia ali equipamento de som e de luz capaz de asseguarar uma tournée da Beyoncé. Ensaiei a piada sobre a falta de jeito da Ferreira Leite, mas vi logo, pelas palmas forçadas, que ninguémachou graça. Já não sei quem é que me disse que era bom atacá-la, por isso deve ter sido o Santos Silva.
Segui com o ataque àquela ideia absurda de que o país estava falido, despachei o discurso e saí dali com o José Luís, que ainda deve estar a pensar o que veio fazer a Portugal...
No dia seguinte, percebi que aquela coisa do Paulo Rangel andar a dizer que desperdiçámos fundos europeus passava o dia a ser repetida nas televisões. Já o Paulo Portas andava com essa, a atacar o Jaime Silva há mais de um ano. E os jornalistas achavam que deitávamos dinheiro à rua.
A verdade, diziam-me os meus assessores, é que não podia pôr o Jaime Silva a defender-se porque já não acreditavam nele. E parece que o Nunes Correia não se podia explicar porque ninguém sabia que ele era ministro! Quanto mais que era o ministro que geria os fundos...
Na campanha ainda me ri com aquela piada do Pinho sobre a papa Maizena. Mas saiu tudo em defesa do Rangel, o que foi injusto. Se calhar devia mesmo ter remodelado o Pinho no início do ano, mas as pessoas não se lembram que ele me ajudava desde os tempos da oposição.
Na campanha queriam o quê? Que mudasse o rumo e largasse o Aeroporto e o TGV? Nem pensar. Só se tivesse remodelado o Mário Lino. Perdoei-lhe a Ota porque um homem não deixa cair os amigos. Sobretudo os de longa data. O que ele me ajudou nos tempos do Ambiente...
Culparam o Vital, coitado. Atacar o Durão Barroso deve ter sido coisa da Ana Gomes, e a do BPN, qual foi o mal de trazer o caso BPN para a campanha?
Correu mal, o que foi duro para o PS e muito duro para mim. Não merecia. Comecei a campanha a suar em bica e acabei a ouvir o ministro da Cultura a dizer que o resultado era normal! O tipo andou calado um ano e abriu a boca para isto!
Tinham-me dito que ia ganhar com uma campanha à Obama. Mas ganhou o candidato que só fez reuniões tupperware. Aprendi uma lição para a vida: não serve de nada ter assessores que estudaram o Obama se nenhum souber ligar o ar condicionado.
by Ricardo Costa, in Expresso
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